Editado a 9 de Julho de 1985, Who’s Zoomin’ Who? foi um momento-chave na carreira de Aretha Franklin e um dos álbuns mais importantes da sua discografia na década de 80. Aos 43 anos, Aretha provava ao mundo que ainda tinha muito a dizer numa indústria cada vez mais dominada por novas tendências sonoras, sintetizadores, vídeos na MTV e estrelas em ascensão. Em vez de se afastar, a rainha da soul entrou no jogo. E ganhou.
Who’s Zoomin’ Who? foi a primeira vez que Aretha trabalhou com o produtor e baterista Narada Michael Walden, que trouxe uma energia nova e uma estética mais pop-funk, sem nunca apagar a sua força vocal nem a sua alma. Gravado na Califórnia e Detroit, Who’s Zoomin’ Who? captou o espírito do tempo sem cair em modismos passageiros. Em vez disso, ofereceu uma nova imagem de Aretha: moderna, dançável, mas sempre com aquele poder inconfundível na voz.
Foi um sucesso imediato. Freeway of Love, o single principal, foi um dos maiores êxitos da sua carreira na década de 80, alcançando o Top 5 nos Estados Unidos e vencendo o Grammy para Melhor Performance Feminina de R&B. A canção, um hino optimista, com saxofone a cargo de Clarence Clemons, da E Street Band, e uma batida contagiante, conquistou as pistas de dança e as rádios.
Outro destaque foi o dueto com Annie Lennox em Sisters Are Doin’ It for Themselves, musica que também foi incluída no album Be Yourself Tonight dos Eurythmics, tornou-se um verdadeiro hino feminista. Aretha provava que não tinha medo de colaborar com artistas da nova geração, desde que houvesse autenticidade.
A musica titulo, Who’s Zoomin’ Who?, também teve sucesso, misturando groove, ironia e carisma num registo leve, mas cheio de atitude.
Who’s Zoomin’ Who? foi o primeiro disco de platina da carreira de Aretha Franklin, sinal de que a sua música continuava a encontrar novas audiências e a inspirar diferentes gerações.
Para além do sucesso de vendas, Who’s Zoomin’ Who? representou um acto de liberdade e reinvenção, numa altura em que muitos artistas da soul dos anos 60 e 70 tinham dificuldade em adaptar-se às exigências do mercado dos anos 80.
Aretha, pelo contrário, assumiu esse desafio com elegância e visão artística. Reinventou-se sem perder a sua essência. E, como sempre, foi a voz que fez a diferença: rica, emocional, cheia de nuances, sempre no centro das atenções, mesmo por entre sintetizadores, programações electrónicas e arranjos modernos.
Quatro décadas depois, Who’s Zoomin’ Who? continua a ser um exemplo de como um artista pode evoluir sem abdicar da sua identidade. Um álbum que não apenas trouxe Aretha de volta, mas também abriu caminho para uma nova fase da sua carreira, cheia de vitalidade, colaborações e reconhecimento.
As musicas de Who's Zooming Who?
1. Freeway of Love
Um dos maiores êxitos da carreira de Aretha nos anos 80. Produzida por Narada Michael Walden, com o icónico solo de saxofone de Clarence Clemons (E Street Band), a canção é um hino de celebração, liberdade e alegria. Chegou ao #3 no top americano e valeu a Aretha um Grammy em 1986 para Melhor Performance Feminina de R&B. Tornou-se um símbolo da sua renovação artística.
2. Another Night
Musica de dança e radiofónica, que mostra Aretha numa vibe pop-R&B moderna, sem perder o controlo emocional. Foi lançada como single e chegou ao Top 40 nos EUA. Com produção de Walden, destaca-se pelo refrão melódico e pelo groove subtil, demonstrando como Aretha conseguiu atualizar o seu som sem se afastar da sua essência.
3. Sweet Bitter Love
Balada intensa e emocional que remete às raízes soul e gospel de Aretha. Esta versão foi gravada para o álbum de 1985, mas a canção já fazia parte do seu repertório desde os anos 60. Aqui, surge com arranjo mais suave e melancólico, uma espécie de pausa reflexiva entre os temas mais dançáveis.
4. Who’s Zoomin’ Who?
Canção título e segundo grande single do álbum. Com um groove contagiante e uma letra irónica sobre jogos de sedução, é um exemplo claro da modernização do som de Aretha, aliando electrónica, funk e atitude. Chegou ao Top 10 nos EUA e reforçou a imagem da cantora como figura relevante também nos anos 80.
5. Sisters Are Doin’ It for Themselves
Dueto poderoso com Annie Lennox, dos Eurythmics. Um hino feminista lançado em simultâneo no álbum dos Eurythmics Be Yourself Tonight. A canção mistura soul, pop e rock com força política e social, tornando-se uma das colaborações mais memoráveis da década. A união de duas vozes fortes em nome da igualdade e da força feminina.
6. Until You Say You Love Me
Uma balada moderna, com atmosfera mais etérea e produção cuidada. Aretha brilha na entrega vocal, num registo mais contido mas cheio de sentimento. Uma canção sobre a espera por um amor correspondido, que mostra a versatilidade emocional da artista.
7. Ain’t Nobody Ever Loved You
Notória a influência R&B e funk, marcada por uma linha de baixo forte e produção intensa. Aretha canta sobre um amor único e poderoso com convicção e domínio. É um dos temas menos conhecidos do álbum, mas destaca-se pela sua energia e pelo estilo vocal mais ousado.
8. Push
Combina funk, pop e sintetizadores numa fusão muito anos 80. A canção fala de superação e auto afirmação. Apesar de não ter sido single, tem força rítmica e mantém o tom positivo e empoderador que atravessa o disco.
9. Integrity
Dueto inesperado com Clarence Clemons, que aqui não só toca saxofone, mas também canta. A canção fala sobre valores, lealdade e autenticidade. Serve como fecho simbólico do álbum, reforçando a ideia de que Aretha, mesmo ao entrar no mundo moderno do pop dos anos 80, manteve a sua integridade artística.