
1924 Sarah Vaughan
Sarah Vaughan não era apenas uma cantora. Era um fenómeno vocal. Uma artista com uma técnica irrepreensível, um ouvido absoluto e uma sensibilidade que transformava cada canção numa viagem emocional. Nascida em Newark, Nova Jérsia, em 1924, cresceu entre o piano da igreja baptista e os sons que chegavam das ruas — gospel, blues, jazz. Ficou conhecida como Sassy e também como The Divine One — dois nomes que dizem tudo sobre a sua personalidade em palco: ao mesmo tempo atrevida e celestial.
Começou por vencer um concurso no mítico Apollo Theater, ainda adolescente, e rapidamente chamou a atenção de Dizzy Gillespie e Billy Eckstine. O resto é história. Sarah Vaughan cantava como quem respira — com naturalidade, mas com uma técnica que desafiava qualquer regra. Dominava os graves e os agudos, mudava de tom com uma suavidade quase mágica, brincava com o tempo e com as palavras. Gravou álbuns memoráveis, entre eles Sarah Vaughan with Clifford Brown e In the Land of Hi-Fi, e deixou interpretações de canções como “Misty”, “Tenderly” ou “Lullaby of Birdland” que continuam a ser referência obrigatória.
Cantou jazz, sim, mas também canções populares, standards e até música clássica. E fez tudo com uma elegância desarmante. Neste dia de aniversário, celebramos o legado de uma mulher que elevou a arte de cantar a um outro nível. Sarah Vaughan foi — e é — uma das maiores vozes de sempre. E há uma beleza eterna no facto de, décadas depois, continuarmos a ouvi-la como se fosse a primeira vez.