
1942 Curtis Mayfield
3 de Junho. O soul nunca mais foi o mesmo.
Hoje celebraria mais um aniversário uma das figuras mais marcantes da soul e do funk conscientes: Curtis Mayfield, nascido a 3 de Junho de 1942, em Chicago. Cantor, compositor, guitarrista e produtor, Mayfield usou a música para falar de injustiça, esperança e dignidade — com uma elegância que tocou fundo e mudou mentalidades.
Começou nos The Impressions, nos anos 60, com hinos como People Get Ready ou Keep On Pushing, que se tornaram trilhas sonoras do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos. A sua escrita era espiritual, directa e cheia de humanidade.
“As pessoas não querem só dançar — também querem pensar”, disse Curtis Mayfield numa entrevista em 1972.
“A música tem de ser bonita, mas também tem de dizer alguma coisa.”
Na década de 70, já em nome próprio, atingiu um novo nível com o lendário álbum Super Fly (1972), um dos pilares da soul cinematográfica, em que abordava a realidade das ruas com realismo, crítica social e arranjos sofisticados. Músicas como Freddie’s Dead e Pusherman provaram que era possível fazer canções de protesto com groove irresistível.
Curtis Mayfield manteve-se ativo até sofrer um trágico acidente em palco, em 1990, que o deixou tetraplégico. Ainda assim, gravou o seu último álbum, New World Order, deitado e com a voz intacta — um feito de coragem e inspiração.
A sua influência atravessa décadas, do hip-hop ao neo-soul, e é sentida em artistas como D’Angelo, Lauryn Hill, Raphael Saadiq ou Kendrick Lamar.
Neste 3 de Junho, a memória de Curtis Mayfield continua viva nas canções que desafiam, elevam e resistem — com alma, doçura e poder.