
1977 Bob Marley
Em 1977, Bob Marley & The Wailers editaram Exodus, um dos álbuns mais influentes de sempre — não só na história do reggae, mas da música popular mundial.
Gravado em Londres, depois de Bob Marley ter sobrevivido a um atentado à mão armada na sua casa na Jamaica, Exodusnasce do exílio forçado, do choque com a violência política e da busca por renovação espiritual. Marley deixou Kingston após o ataque, ocorrido em Dezembro de 1976, e instalou-se temporariamente em Inglaterra. Foi nesse cenário de afastamento e reflexão que compôs aquele que muitos consideram o seu maior legado discográfico.
Lançado a 3 de Junho de 1977, o álbum apresenta dois lados claramente distintos. O lado A mergulha em temas sociais, políticos e espirituais: “Natural Mystic”, “So Much Things to Say”, “Guiltiness”, “The Heathen” e a faixa-título “Exodus” reflectem a resistência, a fé e a luta de um povo. Já o lado B é mais luminoso e romântico, com temas que se tornariam hinos universais como “Jamming”, “Waiting in Vain”, “Three Little Birds” e “One Love / People Get Ready”. A combinação desses dois mundos — o combate e o consolo — é parte da força do disco.
A recepção foi imediata. Comercialmente, Exodus foi um sucesso estrondoso, permanecendo nas tabelas britânicas durante mais de um ano. “One Love” tornou-se um dos maiores símbolos da mensagem de união e paz promovida por Marley, e “Jamming” ecoou pelas pistas de dança e pelas ondas da rádio, de Kingston a Londres e de Nova Iorque a Lagos.
A crítica também se rendeu. A revista Rolling Stone classificou o álbum como “uma obra profundamente espiritual e política, e ao mesmo tempo irresistivelmente dançável”. Em 1999, a revista Time foi mais longe, nomeando Exodus como o melhor álbum do século XX, sublinhando a sua capacidade de “misturar mensagem e música de uma forma que tocou milhões”.
Para muitos, Exodus é mais do que um disco. É um ponto de viragem na carreira de Marley — o momento em que deixou de ser apenas o maior artista da Jamaica para se tornar uma figura global, símbolo de resistência, esperança e consciência social. É também uma ponte entre o roots reggae das suas origens e uma nova sonoridade mais acessível ao mundo — sem nunca perder a alma.
Hoje, quase cinquenta anos depois, Exodus continua a soar actual. Continua a inspirar. E continua a lembrar-nos que a música pode ser uma força poderosa para unir e transformar.