Joe Cocker nasceu a 20 de Maio de 1944, em Sheffield, no norte de Inglaterra. Cresceu no seio da classe operária e foi nessa dureza quotidiana que moldou a voz que viria a emocionar o mundo: rouca, visceral, imperfeita — mas profundamente verdadeira.

Começou por cantar em pequenos clubes locais nos anos 60, mas foi em 1969, com a sua arrebatadora versão de “With a Little Help from My Friends”, que conquistou o reconhecimento internacional. O momento, captado ao vivo no festival de Woodstock, tornou-se icónico: um homem a contorcer-se em palco, consumido pela música, como se cada nota o atravessasse por dentro.

Cocker não era compositor — era intérprete. Mas poucos interpretaram com tanta intensidade. Canções como “You Are So Beautiful”, “The Letter”, “Unchain My Heart” ou “Up Where We Belong” (esta última um dueto com Jennifer Warnes que lhe valeu um Grammy e um Óscar) são apenas alguns exemplos da forma como transformava letras alheias em experiências pessoais.

A sua carreira, embora marcada por altos e baixos, atravessou cinco décadas, com mais de 20 álbuns editados e digressões esgotadas um pouco por todo o mundo. Foi agraciado com a Ordem do Império Britânico em 2007, um reconhecimento tardio mas merecido. Faleceu a 22 de Dezembro de 2014, aos 70 anos, vítima de cancro no pulmão. Mas a sua voz continua a ecoar onde quer que se ouça música com alma.

Joe Cocker nunca foi um cantor convencional. Era um homem em luta com as palavras, que usava a música como desabafo. Fez da fragilidade uma arma poderosa e da emoção a sua assinatura. A sua herança está nos discos, nas memórias e em cada arrepio que uma simples nota ainda é capaz de provocar.