Nascida a 19 de Maio de 1948, na Jamaica, e criada nos Estados Unidos, Grace Beverly Jones é muito mais do que um nome. É um fenómeno. Uma artista sem rótulo, sem medo, sem igual. Entre os anos 70 e 80, tornou-se um ícone global. Da música à moda, do cinema à performance, desafiou tudo: género, estética, indústria, normas sociais. Construiu uma carreira a partir do que muitos consideravam “demais” — e transformou isso em arte.
Com a sua voz grave, presença magnética e estilo andrógino, tornou-se uma das figuras mais marcantes do final do século XX. Trabalhou com os maiores — de Jean-Paul Goude a Trevor Horn, de Andy Warhol a Nile Rodgers — e influenciou toda uma geração de artistas visuais e sonoros. O seu impacto na música começou nos anos 70 com discos de disco e reggae lançados pela Island Records. Mas foi na década de 80 que explodiu criativamente.
O álbum Nightclubbing (1981), considerado por muitos a sua obra-prima, funde reggae, funk e new wave com uma produção sofisticada e futurista. Seguiram-se Living My Life e Slave to the Rhythm — este último, mais do que um álbum, é uma viagem sonora intensa, conceptual, audaz. Grace era som, mas era também imagem. E poucas imagens foram tão poderosas: a cabeça rapada, os fatos geométricos, a maquilhagem extrema. Reinventou o corpo como palco.
Como disse Jean-Paul Goude, seu parceiro criativo e pessoal: "Grace era a minha musa — mas também o meu espelho. Ela era arte viva."
Na moda, foi pioneira antes de muitos perceberem o que isso significava.
Inspirou Alexander McQueen, Balmain, Mugler, e abriu caminho para artistas como Lady Gaga, Rihanna ou Janelle Monáe.
A sua influência é transversal. Kanye West chamou-lhe “o futuro antes de o futuro chegar”. Annie Lennox descreveu-a como “uma visionária sem medo, que deu voz e corpo à liberdade”. Chris Blackwell, fundador da Island Records, disse: "Ela era demasiado para qualquer género — música, moda ou sociedade. E isso é o que a torna eterna."
No cinema, brilhou em papéis memoráveis: da guerreira Zula em Conan, o Destruidor à inesquecível May Day em 007 – A View to a Kill, onde trocou as regras do jogo e roubou a cena. Em 2015 lançou Hurricane, um álbum biográfico intenso. Em palco, continua feroz, energética e magnética. Em 2022, fechou o festival Glastonbury com um hula hoop na cintura — aos 74 anos. Sim, 74.
Porque Grace Jones não envelhece — transforma-se. Hoje celebramos 77 anos de provocação, arte, beleza disruptiva e liberdade absoluta. Grace Jones ensinou-nos que não há moldes para viver.
E que ser "demais" pode ser, afinal, o ponto de partida para mudar o mundo.