
1977 Danger Mouse
Danger Mouse celebra hoje 48 anos. Brian Burton, nome de baptismo, é um dos produtores mais discretos e influentes da música dos últimos 20 anos. Com um percurso que foge a modas e etiquetas, construiu uma carreira sólida, ao lado de artistas tão distintos como Gnarls Barkley, The Black Keys, Norah Jones, Adele, Gorillaz ou Beck.
Tudo começou a mudar com The Grey Album (2004), onde misturava as vozes de Jay-Z com instrumentais construídos a partir do White Album dos Beatles. O projecto nunca foi lançado de forma oficial, mas tornou-se rapidamente um fenómeno online e marcou o início de uma abordagem criativa que rompia com os formatos tradicionais. A partir daí, o nome Danger Mouse começou a aparecer cada vez mais associado a discos com identidade própria.
Na dupla Gnarls Barkley, criou “Crazy”, uma das canções mais marcantes dos anos 2000. Produziu álbuns para os Black Keys, assinou com Daniele Luppi o disco cinematográfico Rome (com Jack White e Norah Jones nas vozes), fez dupla com James Mercer nos Broken Bells e, nos últimos anos, voltou a surpreender com o álbum Cheat Codes, em colaboração com Black Thought, dos The Roots.
Não é raro ouvir músicos referirem-se a ele como um artesão do som. “Gosto de criar ambientes. Mesmo quando a música é leve, tem de ter profundidade”, disse numa entrevista à NPR. É essa atenção ao detalhe, à textura e ao que não está logo à superfície que distingue o seu trabalho. Discreto, raramente aparece em entrevistas ou capas de revista, mas está sempre presente nos álbuns em que se sente que alguém teve mão na forma como a música respira.
Aos 48 anos, Danger Mouse continua a ser um dos criadores mais respeitados da música actual e um dos poucos capazes de cruzar géneros, gerações e expectativas sem perder autenticidade.
10 curiosidades
- O nome vem de um desenho animado "Danger Mouse" era uma série britânica de animação dos anos 80, um rato espião com pala no olho. Brian Burton adoptou o nome como homenagem irónica.
- Fez sucesso com um disco ilegal
O album The Grey Album (2004), que misturava os Beatles com Jay-Z, foi lançado sem autorização. Apesar de (ou por causa disso), tornou-se um fenómeno e marcou o início da sua fama. - Quase foi processado pelos Beatles
A editora Apple Corps, que gere os direitos dos Beatles, tentou travar o álbum. A controvérsia só aumentou o interesse público. - Não gosta de ser o centro das atenções
Raramente dá entrevistas e evita a exposição. Prefere deixar a música falar por si. - Já produziu para uma lista impressionante de artistas
The Black Keys, Gorillaz, Norah Jones, Beck, Adele, U2, Red Hot Chili Peppers... a lista é longa e diversa. - É metade dos Gnarls Barkley
Com CeeLo Green criou hits como Crazy, que foi a primeira canção a chegar ao nº1 no Reino Unido apenas com downloads digitais (em 2006). - É também metade dos Broken Bells
Desde 2009 colabora com James Mercer dos The Shins, num projecto mais melódico e introspectivo. - Venceu um Grammy como produtor do ano
Em 2011, levou para casa o prémio de Produtor do Ano (não clássico), consolidando o seu estatuto. - Tem formação em Televisão e Cinema
Estudou na Universidade da Geórgia, o que o ajudou a desenvolver uma abordagem visual e narrativa à música. - Ouve música de todo o tipo, até bandas sonoras antigas
Danger Mouse é conhecido por se inspirar em fontes inesperadas, como bandas sonoras de westerns italianos, o que influenciou directamente o álbum Rome (2011).
Com talento para misturar mundos sonoros e uma sensibilidade fora do comum, Danger Mouse continua a ser um dos produtores mais respeitados e imprevisíveis da música contemporânea.