2014 Jimmy Ruffin
Jimmy Ruffin, uma das vozes mais sentidas da soul da era Motown, faleceu a 17 de Novembro de 2014, em Las Vegas, aos 78 anos. No anuncio da morte, a família, recordou um homem reservado, profundamente dedicado à música e marcado por uma carreira que, embora discreta quando comparada com alguns contemporâneos, deixou canções que atravessaram gerações.
Nascido a 7 de Maio de 1936, em Collinsville, Mississippi, Jimmy foi o segundo filho de uma família numerosa que encontrou na igreja o primeiro contacto com a música. Tal como o irmão mais novo, David Ruffin, viria a fazer parte desse círculo de talento que a Motown identificou e acolheu nos anos 60.
Ruffin chegou à Motown em 1961, mas interrompeu os primeiros passos artísticos para cumprir serviço militar. Regressou com a convicção de seguir carreira a solo e recusou integrar os Temptations quando o lugar surgiu, uma decisão marcante que o próprio explicou como um acto de fidelidade ao que queria construir enquanto cantor. Acabaria por recomendar David Ruffin, que se tornaria uma das grandes vozes do grupo.
O ponto alto da sua carreira surgiu em 1966, com “What Becomes of the Brokenhearted”, um dos grandes hinos soul sobre perda e resistência emocional. A interpretação de Jimmy, simultaneamente frágil e firme, deu à canção uma dimensão universal e valeu-lhe reconhecimento internacional, especialmente no Reino Unido, país onde encontrou um público fiel e continuou a actuar ao longo das décadas seguintes.
Nos anos 80, regressou às tabelas com “Hold On (To My Love)” (1980), produzida por Robin Gibb, um convite que mostrava o respeito que muitos artistas de outras áreas tinham pela sua voz singular. Apesar da fama nunca ter eclipsado a sua vida privada, Ruffin manteve sempre um ritmo estável de gravações, actuações e colaborações.
A morte de David Ruffin, em 1991, marcou profundamente Jimmy, que passou parte dos anos 90 a apoiar iniciativas de prevenção e combate ao abuso de substâncias. Continuou a actuar até aos últimos anos, mantendo-se sempre ligado ao público que fez das suas canções uma companhia constante.