
1964 Lenny Kravitz
Lenny Kravitz está de parabéns. O cantor, multi-instrumentista, produtor e ícone de estilo celebra 60 anos de vida e continua a ser uma presença viva e vibrante na música global. Filho de pai judeu e mãe afro-americana (a actriz Roxie Roker), Kravitz cresceu entre mundos — culturais, musicais e espirituais — o que viria a moldar a sua assinatura artística: um som que cruza Hendrix com Curtis Mayfield, Prince com Lennon, Marvin Gaye com Zeppelin.
Ao longo de mais de 30 anos de carreira, Lenny Kravitz construiu um percurso singular. Recusou moldes, misturou géneros com liberdade absoluta e lançou temas que se tornaram hinos de várias gerações.
“Let Love Rule”, o seu álbum de estreia em 1989, mostrou logo ao que vinha: rock com alma, letras com alma e estética com intenção. E, acima de tudo, uma recusa firme em ser etiquetado.
Nos anos 90, consolidou o seu estatuto com sucessos como “It Ain’t Over ’Til It’s Over”, “Are You Gonna Go My Way”, “Fly Away” ou “Again”. O mundo rendia-se à sua estética retro-futurista, ao groove que ligava passado e presente, ao magnetismo visual que o tornava tão reconhecido nas capas de discos como nas campanhas de moda. Mas não era só estilo. Kravitz ganhou quatro Grammys consecutivos para Melhor Performance Vocal Masculina de Rock — entre 1999 e 2002 —, um feito inédito. Tocava quase todos os instrumentos nos seus discos, produzia sozinho e fazia da liberdade artística a sua maior arma.
Além da música, teve incursões no cinema, destacando-se em The Hunger Games ou Precious, e tornou-se também uma referência de elegância, tanto na música como na moda. O seu estilo — sempre fiel a uma estética soul rock psicadélica, com apontamentos glam — é reflexo da sua abordagem à vida: autêntica, livre e intensamente criativa.
Este ano, Lenny Kravitz regressa em força com Blue Electric Light, o seu 12.º álbum de estúdio, um trabalho que promete renovar a sua energia criativa sem perder o ADN que o tornou único. Entre sintetizadores analógicos e riffs vintage, entre batidas funk e vocais crus, Kravitz mostra que continua a ser uma força viva — não só por aquilo que fez, mas pelo que ainda tem para dizer.
Num tempo em que a música é muitas vezes descartável, Kravitz continua a lembrar-nos do poder da canção bem escrita, da produção artesanal e da entrega emocional que não se ensaia — vive-se. Aos 60 anos, Lenny Kravitz não é apenas uma lenda. É um artista que continua a explorar, a desafiar e a inspirar. Um homem que leva o rock ao groove e o groove à transcendência.