1939 Tina Turner
Celebra-se hoje o aniversário de Tina Turner, uma das artistas mais influentes, carismáticas e revolucionárias da música moderna. Nascida Anna Mae Bullock, em Brownsville, Tennessee, cresceu em Nutbush, numa América ainda segregada, onde o gospel, o rhythm and blues e a rádio local moldaram as primeiras memórias musicais.
Ainda adolescente, descobriu o poder da sua voz, uma força crua, elétrica, difícil de comparar, e foi essa voz que a levou a entrar no universo de Ike Turner no final dos anos 50, primeiro como corista e rapidamente como protagonista. Nos anos 60 e 70, ao lado de Ike, Tina deu vida a alguns dos momentos mais intensos da soul e do rock, de “River Deep, Mountain High” a “Proud Mary”, cuja versão explosiva se tornaria um marco absoluto do seu repertório.
A energia que levava para palco, movimentos rápidos, intensidade física, magnetismo puro, criava uma experiência ao vivo que muitos testemunhavam como transformadora. Mas por detrás da projeção pública havia um percurso marcado por violência doméstica, controlo emocional e uma luta de sobrevivência que Tina, anos mais tarde, relataria com franqueza no livro I, Tina, transformado depois no filme What’s Love Got to Do with It.
A reinvenção surge nos anos 80, quando muitos acreditavam que a sua carreira tinha ficado no passado. Com Private Dancer (1984), Tina Turner regressou não apenas ao sucesso, regressou ao topo do mundo. O álbum vendeu milhões, originou “What’s Love Got to Do with It” (o seu único n.º 1 nos EUA), consolidou-a como ícone pop-rock e levou-a a estádios cheios em várias partes do globo. Seguiram-se êxitos como “We Don’t Need Another Hero”, “Typical Male”, “The Best” e “I Don’t Wanna Fight”, cada um reforçando a força da sua presença e a singularidade da sua voz, ao mesmo tempo áspera, poderosa e emocional.
O impacto cultural é incalculável. Tina Turner abriu caminho para gerações de artistas femininas, especialmente mulheres negras, mostrando que era possível romper expectativas, reinventar-se aos 40 anos e dominar uma indústria que raramente oferecia espaço a segundas oportunidades.
Tornou-se o rosto da persistência, da autonomia criativa e da capacidade de erguer uma carreira nova a partir das ruínas de uma vida difícil. Venceu múltiplos Grammys, entrou no Rock and Roll Hall of Fame duas vezes (como artista solo e com Ike & Tina Turner), e tornou-se também uma figura espiritual, vivendo os últimos anos na Suíça, afastada dos palcos mas sempre presente na cultura.