Bill Withers nasceu a 4 de Julho de 1938 em Slab Fork, uma pequena localidade mineira na Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos. Filho de um mineiro e de uma empregada doméstica, cresceu num ambiente humilde, longe dos grandes centros da indústria musical. E talvez tenha sido essa origem que moldou o tom honesto, directo e profundamente humano que marcou toda a sua obra.

Entrou no mundo da música já com mais de 30 anos, um caso raro numa indústria que privilegia juventude e velocidade. Mas bastou o álbum de estreia, Just As I Am (1971), para que a sua voz se tornasse inconfundível. O disco incluía “Ain’t No Sunshine”, tema que lhe valeu um Grammy e que rapidamente se tornou um clássico da soul global. Com produção de Booker T. Jones e participações de Donald “Duck” Dunn e Stephen Stills, o álbum revelou um artista diferente: sem truques, sem poses, apenas verdade.

Nos anos seguintes, compôs alguns dos temas mais comoventes e universais da música negra norte-americana: “Lean On Me” (1972), hino à amizade e à entreajuda; “Use Me”, com groove marcante e letra provocadora; “Lovely Day”, com um dos versos mais longos da soul cantado sem pausa nem esforço; e “Grandma’s Hands”, um tributo comovente às raízes familiares.

Apesar do sucesso, Withers afastou-se voluntariamente da música no início dos anos 80. Desiludido com a indústria discográfica, optou por preservar a sua integridade criativa. Nunca mais lançou novos discos, mas também nunca deixou de ser ouvido, admirado, redescoberto. Em 2015, foi consagrado no Rock and Roll Hall of Fame.

Faleceu a 30 de Março de 2020, aos 81 anos. Hoje, no dia em que completaria 87, lembramos Bill Withers como um artesão de canções sinceras, um contador de histórias do quotidiano, e uma voz que continua a embalar, inspirar e emocionar. A sua música vive onde vive a verdade: no essencial.